sábado, 14 de julho de 2012


Kananga do Japão


A partir de agosto de 1989, uma novela traria de volta a Rede Manchete ao caminho das superproduções. Idealizada por Adolpho Bloch, entrava no ar Kananga do Japão. O sucesso veio rápido. Com um trabalho minucioso, a equipe da novela reconstituiu, em tamanho real, a Praça Onze da década de 30. A cidade cenográfica foi construída em Maricá, a 40 km da capital fluminense.

No início de 1989, Adolpho Bloch conversava com Carlos Heitor Cony sobre a realização de um antigo projeto de sua própria autoria. Baseado em passagens de sua vida, o empresário pediu ao escritor que preparasse a sinopse da novela. E assim Cony o fez. A sinopse foi apresentada e a novela começou a ser produzida com autoria de Wilson Aguiar Filho e direção de Tizuka Yamazaki.

Com cenas de erotismo e contando com uma direção de primeira qualidade, a novela registrou médias de 15 pontos de audiência, com picos de 19. Foi um sucesso, que contribuiu para o crescimento da emissora naquela época. Crescimento esse que culminaria na explosão do sucesso Pantanal, que substituiria Kananga.

A novela misturava ficção com realidade. O pano de fundo era o movimento musical dos anos 30, o que proporcionou um enlevo mágico ao projeto. No entanto, o autor soube costurar o folhetim com os principais momentos da história do país na década enfocada, como a Intentona Comunista de 35, que ganhou muita força no roteiro, principalmente com a dupla Cassiano Ricardo e Bettina Vianny ao encarnarem Carlos Prestes e Olga Benário.


Abertura de Kananga do Japão
Kananga do Japão foi apresentada com toques de grandeza que tinha início na ótima abertura, onde um casal dançava em meio a imagens de fatos que caracterizavam a época, entremeadas pelo carnaval de rua. A abertura foi coreografada por Carlinhos de Jesus, que também chegou a fazer uma participação na novela.

Dessa vez o gigantismo do projeto não se perdeu na telinha. Por trás havia a competência da direção de Tizuka Yamasaki e Carlos Guimarães, além de contar com um elenco perfeitamente escalado. O resultado final foi excelente, principalmente quando se depara que tal aparato aconteceu fora do profissionalismo de produção da Globo.

Os personagens de Cristiana Oliveira, Cláudio Marzo e Elaine Cristina morreram na trama para que seus intérpretes pudessem começar a gravar a novela substituta, Pantanal.

A diretota Tizuka Yamasaki declarou em entrevista:
"Tenho um estilo mãe de lidar com equipe. Com ator não me estresso. O ator é igual a um filho e se estressa em 90% dos casos porque está inseguro. A Christiane Torloni quis colocar outra figurinista em Kananga do Japão. O seu Adolpho (Bloch, dono da TV Manchete) me mandou um recado nesse dia: ’Se quiser, pode tirá-la da novela’ . Mas eu disse: ’Não posso. Ela é protagonista’. Aí, dei um gelo nela, comecei a tratá-la sem carinho. Quando você trabalha com um ator que parece criança, tem de agir como tal: dar castigo, ficar de mal. Fiquei sem falar com a Christiane durante um mês e meio, até o fim da novela. Ela fez brilhantemente o papel e, no último dia de gravação, dei-lhe um abraço e os parabéns."

Primeira novela da atriz Cristiana Oliveira. Última novela de Wilson Aguiar Filho, que faleceu logo depois de escrevê-la.

Kananga do Japão foi reprisada de 21/05/1990 a 18/01/1991, em 209 capítulos, de segunda a sábado às 19h30.
E também de 18/03 a 10/10/1997, em 149 capítulos, de 2ª a 6ª feira às 20h (e mais tarde às 19h).

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