sábado, 14 de julho de 2012


1993: Adolpho Bloch recupera o controle da TV Manchete


Além do casal 20 do telejornalismo, a Manchete perderia em 1993 uma série de outras estrelas, dentre elas Otávio Mesquita e Angélica.  Além dos artistas e programas, a Manchete perderia ainda uma série de suas afiliadas em todo o país.
Em fevereiro, Jayme Monjardim volta a Manchete, e acaba com o Cinemania e o Documento Verdade, alegando que o público não estava mais interessado em programas pesados e extremamente realistas, mas sim em um conteúdo mais leve. Durante o restante do mês, greves se espalharam pelas emissoras do Rio e São Paulo, e muitos funcionários chegaram a ir as ruas pedir comida para os motoristas.


Funcionários pedem socorro no ar
Em março funcionários invadem os controles da emissra e colocam slides no ar denunciando a falta de salários que se arrastava desde dezembro. Pela primeira vez na história os funcionários tomavam o controle de uma rede de TV.  Durante a confusão, a emissora de São Paulo começou a gerar o sinal para toda a rede, mas novamente o sinal caiu e a TV ficou fora do ar por mais de 4 horas. A TV Globo entrou com uma câmera escondida e reegistrou tudo.

A dívida da Manchete com o Banco do Brasil somava 30 milhões de dólares e 160 milhões com a Previdência Social. Além disso, Hamilton Lucas de Oliveira vinha sendo investigado por favorecimento no esquema de propinas de PC Farias. As greves continuavam pelo país, e funcionários do Rio organizaram uma caravana para retirar a emissora de São Paulo do ar, mas sem sucesso. Carlos Chagas, diretor da Manchete em Brasília, adreiu a greve. Nesse momento, só a técnica funcionava, os departamentos de produção e jornalismo estavam de braços cruzados.

A tensão em torno da interrupção da emissora por parte dos funcinários do Rio fez com que São Paulo solicitasse as fitas do acervo da Manchete sob o pretexto de recatalogação das fitas. Além disso, conseguiram através de um colecionador as fitas em VHS de A História de Ana Raio e Zé Trovão, e depois de um tratamento nas imagens, recolocaram a novela no ar. Ao mesmo tempo, desesperadamente a direção da emissora negociava a aquisição de programas enlatados. Nesse momento, os funcionários de São Paulo também estavam em greve.

No dia 25 de março, Adolpho Bloch publciou uma carta à imprensa, contando sua trajetória, sobre sua "luta" em erguer a emissora de TV, os prêmios por ela recebidos, e das dificuldades políticas que o motivaram vender a emissora. Além disso, denunciou o descumprimento do acordo de venda por parte do Grupo IBF, e que por conta disso, tinha entrado com uma liminar na justiça. Pediu paciência a funcionários, telespectadores e mercado publicitário, e que a recuperação do controle da Manchete seria uma questão de tempo. Pediu também o apoio do presidente Itamar Franco.

Nilton Travesso rompe no final de março com a Manchete, depois de cinco anos produzindo programas para a emissora.


Anúncio da retomada da Manchete pelo Grupo Bloch
Em abril o presidente da República cancela a venda da Manchete e ordena a volta do controle da emissora a Adolpho Bloch. Nesse momento, o empresário declarou que Hamilton teria pago 10% do acordado e conseguiu uma liminar na justiça. O dono do grupo IBF entrou com um recurso, mas perdeu a causa. O grupo Bloch se comprometeu a pagar os salários atrasados em um mês.


Ao reassumir a emissora, o Grupo Bloch encontrou a situação ainda pior. Quando da passagem da emisora para as mãos do Grupo IBF, vários profissionais saíram da casa, como por exemplo, Otávio Mesquita e Angélica, e programas como o Documento Especial. A dificuldade em formar uma grade de programação era ainda maior. No mês de julho, grevistas tiraram novamente a Manchete do ar.


Marcia Peltier assume o JM
Os investimentos começaram com a contratação de Mylla Christie para o Clube da Criança, a estreia dos programas de videoclipes Raio Laser, o programa de debates Bate Boca com Solange Bastos, e a estréia de Marcia Peltier no comando do Jornal da Manchete Primeira Edição.

Fernando Barbosa Lima assume, neste mesmo ano, a diretoria-geral da emissora.


Novidades da programação de 1993
Escrita por Regina Braga, começou a produção da novela O Marajá baseada na vida do ex-presidente Fernando Collor de Mello. O clima era de espectativa e a grande repercussão insinuava um grande sucesso, mas uma liminar na justiça proibiu sua exibição, explodindo toda a situação em um grande escândalo, onde até o sumiço de fitas com capítulos gravados foi registrado. O jeito foi aproveitar os atores para um novo projeto: a novela Guerra sem Fim, baseada no tráfico de drogas do Rio, mas que não obteve grande sucesso de público.

Os anos conturbados de 1991 a 1993 contribuiriam para o crescimento do SBT. A TV de Silvio Santos aos poucos foi levando profissionais, programas a afiliadas da Manchete, e além disso, contratou uma série de funcionários da dramaturgia, contribuindo para o sucesso desse departamento na emissora paulistana. O SBT consolidou a vice-liderança nos anos seguintes.

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