sábado, 14 de julho de 2012


Helena


Helena - 1987 Segunda adaptação do romance de Machado de Assis para a televisão. Em 1975, a Globo lançou o horário das 18 horas com a versão de Gilberto Braga para esta obra do escritor.
Nesta versão, os três autores inventaram vários personagens e tramas que não existiam no romance original, muito menos na adaptação de Gilberto Braga. A novela recebeu um aumento considerável no número de capítulos: dos 20 da versão global, o número aumentou para cerca de 150.


A novela foi reprisada de 09/01 a 15/07/1989, em 148 capítulos, de segunda a sábado às 21h30.
E também de 05/07/1993 a 25/02/1994, em 158 capítulos, de 2ª a 6ª feira às 16 horas.

Depoimento do Autor

No livro Minhas Mulheres e Meus Homens (Editora Objetiva), o autor Mário Prata fala sobre a novela:

"Eu estava adaptando Helena, do Machado de Assis, para a Manchete. (...) E tinha a personagem da namorada do Estácio que eu gostava tanto dela que nem lembro mais o nome. A Mayara (Magri) foi escalada para o papel. Levei um papo com ela.
- Olha,eu não sei bem ainda o que fazer com a personagem. Aliás, a culpa é do Machado que me passou a personagem torta (que presunção, meu Deus!). Mas fica tranqüila, que com o tempo, a coisa pinta.

Mas não pintava. A personagem ia capengando apesar dos esforços da Mayara, do Luiz Fernando Carvalho e da Denise Saraceni, os diretores. Lá pelo meio da novela, já que ninguém assistia mesmo, eu, o Reynaldo Moraes e o Dagomir, resolvemos brincar. A novela se passava em 1859.

Câmera no rosto da Mayara. Ao fundo, uma interminável discussão entre os pais dela, em off.(...) E ela falando:
- A barra tá pesada, a barra tá pesadíssima!

Depois a câmera abria e mostrava que ela estava se referindo àquela barra de ferro que fazia as barras dos vestidos.

Noutra cena, o Ivan de Albuquerque (padre) e o Zé Fernandes de Lira (coroinha) conversavam sobre a desmiolada Yara Amaral:
Zé - Lá na minha terra, no Recife, eles dizem que a lucidez é uma pira eternamente acesa. E quando a pessoa começa a endoidar, dizem que é porque a pira está apagando.
Ivan - Você acha então que a Dona Dorzinha tá pirando?

Zé - Tá completamente pirada, padre.

Ivan - Então vamos rezar para Deus que ainda não pirou.

(...) Mas o problema era com a namorada do Estácio. Como a gente não sabia o que fazer com ela, inventamos uma viagem para os Estados Unidos (em 1859) durante uns 20 capítulos para ver se achávamos uma saída. Com isso, resolveríamos também um outro problema da novela. O mal, para o autor de novela de época, é não ter telefone. O telefone resolve tudo numa novela. A gente resolveu então colocar telefone na novela para facilitar o diálogo entre os personagens que viviam em fazendas distantes. O departamento de pesquisa da Manchete nos informou que Alexander Graham Bell só patentearia o invento 17 anos depois (...) Isso não era problema para nós.

Que o Machado nos perdoe, mas criamos um personagem-primo da Mayara - que morava na mesma fazenda e era dado a inventos. Estava ele tentando inventar o telefone. Dezessete anos, portanto, antes do Graham Bell. E eis que volta dos Estados Unidos a nossa heroína, toda americanizada, com botas com estrelas brancas em fundo azul, chapéu de caubói e tudo que tinha direito. E trouxe um namoradinho. O namoradinho se chamava Alex Bell. Roubou o invento do primo, deu um pé na bunda dela, voltou para os Estados Unidos, patenteou, ficou rico e famoso."

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