sábado, 14 de julho de 2012


Brida não decola e esgota os recursos da Manchete.


Brida estreou no dia 18 de agosto de 1998. Recheada de efeitos especiais e baseada no best-seller de Paulo Coelho, a novela prometia ser mais um sucesso de audiência da Manchete. Protagonizada por Carolina Kasting, foi dirigida por Walter Avancinnni e adaptada por Jayme Camargo.

O fato do livro lançado por Paulo Coelho ter sido um grande sucesso de vendas- na época da estréia da novela ele já havia sido lançado 86 vezes- excitava a emissora a investir na novela. Brida tinha um custo caro para os padrões da Manchete. Mesmo não sendo uma novela de época, os recursos que precisavam ser utilizados se mostraram dispendiosos.
Mesmo com tantos entraves, a direção da Rede decidiu arriscar. Terminava a novela Mandacaru, de figurino pobre, e entrava no ar Brida, que contava com roupagem e cenários raquintados. Tudo isso era necessário porque a novela se passava num ambiente de alta sociedade.


Abertura da novela


A história começa na Irlanda do século XVII. Brida fugia das maldições de um bruxo. Passados 300 anos, o bruxo continua perseguindo a moça, a única que tinha poderes capazes de destruí-lo. Nessa encarnação, Brida é filha de uma família abastada e noiva de Lorens, interpretado por Leonardo Vieira. Seu pai é um dos sócios de uma importante empresa da qual seu mago arquirival é um dos principis empregados. Sem saber que o braço direito de seu pai é, na realidade, um bruxo que a atormentara em encarnações passadas, a moça vai passar pelos mais variados perigos em suas mãos.


Entre os atores, se destacaram: Rubens de Falco, Carolina Kasting, Leonardo Vieira, Fafy Siqueira, Tânia Alves, Carla Regina e Othon Bastos.

Podemos classificar a evolução de Brida, como sendo a própria evolução da Manchete. A novela entrou no ar com um custo alto e além disso, os patrocinadores tinham um contrato de risco com a emissora. De acordo com esse contrato, só haveria patrocínio, caso a novela passasse dos 5 pontos de audiência. A previsão da emissora era de que a novela atingisse 10 pontos, mas a audiência estacionou nos dois .


Sem patrocínio, a Manchete ficava no prejuízo. Mesmo recorrendo às velhas fórmulas para alavancar a audiência, como muito erotismo, e convocando artistas conhecidos da casa, como Victor Wagner, Carla Regina e Tânia Alves, a audiência não subiu. Brida significava o desperdício do que poderia ter sido uma ótima história, e a conseqüência de uma situação econômica lastimável de nosso país.


Aliado aos problemas da novela, os juros das dividas da Manchete cresceram junto com as taxas de todo o resto do país. A situação de nossa economia era bastante ruim, o que espantava os investidores.


Em outubro de 99 o elenco da novela entrava em greve por falta de salários. O vice-presidente da emissora confessou ao elenco "que o fracasso da novela esgotou os recursos da empresa". Sem ter o que fazer, a direção da rede decidiu tirar a novela do ar na sexta-feira da mesma semana. Anúncios da reestréia de Pantanal começavam a ser exibidos. Sem anunciar o horário de exibição, muitos acreditaram que se abriria um novo horário de novelas. Um final narrado pelo locutor oficial da Rede, Eloy De Carlo, foi improvisado e levado ao ar, naquela sexta-feira na qual poucos imaginavam o que estava acontecendo. Ninguém sabia ao menos se a novela voltaria ao ar na segunda-feira seguinte.


Nesse momento, pôde-se perceber a exata noção da situação da Rede Manchete. Juntamente com o fim da novela, o restante da programação da emissora também se esvaziava.

O "final" de Brida
23 de outubro de 1998, sexta-feira e os poucos telespectadores que ainda assistiam Brida (a novela atingia média de 5 pontos, mesmo recheada de cenas de nudez) não imaginavam o que estava por vir.

No intervalo comercial, foram exibidas as primeiras chamadas da reprise de Pantanal. O espanto ficava por conta do horário anunciado: "a partir da próxima segunda, logo após o Jornal da Manchete". A dedução natural era que Brida seria empurrada pra faixa das 22h30.

O capítulo se desenrola e, de repente, entra a voz de Eloy De Carlo, o locutor oficial da Manchete, resumindo o que aconteceria dali pra frente na trama, com imagens antigas da própria novela. Um espanto! A novela tinha, simplesmente, acabado naquele momento, no 54o capítulo.

 Mandacaru


Mandacaru estreou no dia 18 de agosto de 1997. A história era baseada na vida do sertão nordestino e nas aventuras dos cangaceiros. Contando com boa parte do elenco de Xica da Silva, não conseguiu atingir o sucesso da anterior, atingindo uma média de 7 pontos de audiência. Permaneceu no ar até o dia 10 de agosto de 1998, quase 1 ano depois da estréia. Seu fim estava previsto para o mês de abril, mas a emissora resolveu prolongar a novela, porque o período posterior à Copa seria mais propício para estrear Brida.

Para alavancar a audiência da novela, o diretor Walter Avancinni se vários recurosos, entre eles, a participação de Marília Pêra, Agildo Ribeiro, Elba Ramalho, Alexia Dechamps e Antônio Grassi. Além desses, valorizou o hilário personagem Zebedeu, de Benvindo Siqueira, dando um toque de humor à novela e segurando a audiência.

Analisando Mandacaru, percebemos que a história central inicial deu lugar a uma nova história. Nessa nova história, Zebedeu tornou-se protagonista, Juliana virou coadjuvante, e atores como Ângela Leal(Olívia, mãe de Juliana) e Jonas Mello quase não apareciam. Este último acabou morrendo no meio da novela. A trama tornou-se engraçada e a equipe soube manter a novela, sem deixar que ela caísse na chatisse. Afinal, nossos telespectadores não estão mais acostumados a assistir uma novela durante doze meses.

A novela foi reprisada em 2007 pela Band, às 22h, com médias de cinco pontos de audiência.


Abertura de Mandacaru

Xica da Silva


No dia 16 de setembro de 1996, entrou no ar a novela que traria de volta a Manchete para o terceiro lugar no ranking da televisão brasileira. Com uma programação extremamente popular e tendo como sua base programas jornalísticos, a Manchete parecia estar se recuperando de suas crises.

A direção da emissora estava decidida a investir em tramas adapatadas de obras literárias de grande sucesso. Procurando uma novela forte, que mantivesse a audiência de "Tocaia Grande", Walter Avancinni pensou primeiramente em desenvolver uma novela derivada de três livros de Machado de Assis, projeto nomeado internamente como "Paixão". Mas apesar da força apresentada pela sinopse central, a novela ficaria muito cara, extrapolando o orçamento disponível. A direção da TV, então, passou para a segunda opção: uma adaptação do romance "Xica que manda", de Agripa Vasconcellos, cuja estória central, além de forte e atraente, ia de encontro à crescente tendência de movimentos de valorização da cultura afro no Brasil.


Chamada de estréia de Xica da Silva
Sendo assim, Avancinni começou o que seria para ele "a superprodução da década de 90". Várias cenas foram gravadas em Minas Gerais, mostrando a natureza de rara beleza da região da chapada da Diamantina. Mais uma vez algumas das armas utilizadas para chamar a atenção do público foram o  erotismo e a forte retratação histórica, com a tradicional riqueza de detalhes das produções de época da Manchete. Para tanto, a emissora investiria em torno de 6 milhões de dólares e uma cidade cenográfica foi erguida em Maricá, onde estaria retratada a cidade do "Arraial do Tijuco".

Tudo pronto para o início das gravações e ainda faltava um importante detalhe: a escolha da protagonista. Depois de uma rigorosa seleção por todo o país, o diretor descobriu que sua "Xica da Silva" estava ali mesmo, dentro da emissora. Tratava-se de Taís Araújo, que terminava as gravações de "Tocaia Grande", onde vivia a personagem Bernarda.

Mesmo muito nova para o papel(a moça tinha 17, enquanto a personagem tinha por volta de 25), Taís surpreendeu, ganhando projeção nacional e sendo reconhecida pela crítica. No papel de sua mãe estava Zezé Mota, que vivera, nos anos 70, a Xica do cinema.

Xica da Silva teve médias em torno dos 18 pontos, com picos de 22, garantindo o segundo lugar de audiência, e recolocando a Manchete na terceira posição do ranking geral da TV Brasileira. A novela foi exportada para diversos países.

Um dos fortes momentos da novela aparece quando Maria, mãe de Xica, é morta, tendo seus braços e pernas amarrados a quatro cavalos que, assutados por um tiro disparado pelo sargento-mor, correm em direções contráias, esquartejando o corpo da negra em plena praça pública. Além dessa, as cenas que envolviam as bruxarias de Benvinda(Miriam Pires) e Violante(Drica Moraes) também não economizaram em tecnologia e realismo.


Abertura original da novela
As protagonistas deram um show à parte. A antagonista branca e amargurada Violante, foi interpretada de forma exemplar por Drica Moraes, que com o papel, provou não saber fazer apenas comédia. A protagonista negra também foi interpretada com brilhantismo por Taís Araújo, que surpreendeu a todos, sendo, até então, uma atriz deconhecida para muitos.

As cenas de nudez ganharam destaque na trama. Adriane Galisteu foi quem mais apareceu nessa condição. Sua personagem Clara vivia semi-despida perambulando pelos riachos da chapada. Taís Araújo, por sua vez, durante alguns meses não tinha idade sufieciente para aparecer nua. Mas quando ela fez 18 anos, Wlalter Avancinni comemorou, e o assunto foi, inclusive, capa da revista Manchete ("Xica da Silva faz 18 anos").

A novela contava ainda com um enorme clima de suspense por trás das câmeras. O diretor Walter Acancinni escondeu, durante muito tempo, a identidade do autor da novela. Especulava-se, na época, que poderia ser algum autor famoso de outra emissora, que estaria usando o pseudônimo de Adamo Angel. O suspese começou porque ninguém nunca tinha ouvido falar no tal autor, e a qualidade do texto demonstada intrigava os profissionais do setor. A identidade só foi revelada meses depois. da estréia. Adamo era, na realidade, Walcyr Carrasco, funcionário do SBT, que acabou sendo recontratado pela emissora de Silvio Santos como autor titular de novelas, lançando em 1998 a novela Fascinação (com Regiane Alves).

"Xica" chegou ao fim no dia 18 de agosto de 1997, ficando ao todo por 11 meses no ar. Contou ainda com participações especiais, como a da atriz italiana Cicciolina, além de Sérgio Viotti, Sérgio Brito, Lu Grimaldi e Ângela Leal, entre outros.


Clipe de relançamento de Xica da Silva, pelo SBT em 2005
A novela foi comprada pelo SBT em 2004, das mãos de Pedro Jack Kapeller, que ainda possuia boa parte do acervo da Manchete em seu poder. Os programas produzidos a partir de 1995 pertencial teoricamente à Bloch Som & Imagem, uma empresa que não foi à falência com a TV Manchete. Silvio Santos recorreu a novela da Manchete para tentar frear o crescimento da Record, que fazia sucesso com a novela Escrava Isaura. Xica foi reexibida na faixa das 21h15 e alavancou a audiência do canal com médias de 15 pontos, garantindo o segundo lugar isolado. O canal tentou camuflar a informação de que a novela tinha sido produzida por outra emissora, e relançou a novela com uma nova abertura e uma nova música-tema.

Tocaia Grande 

Cena de Tocaia Grande Tocaia grande estreou no dia 16 de Outubro de 1995 e terminou quase um ano depois, no dia 16 de setembro de 1996. Adolpho Bloch apostou na novela e desembolsou cerca de 8 milhões iniciais na confecção de figurinos, cenários, construção de uma cidade cenográfica (em Maricá, RJ), e novos profissionais. Era a esperança do empresário para voltar a produzir grandes novelas e alavancar a audiência da Manchete.

Baseada no livro de Jorge Amado, e dirigida por Régis Cardoso, a novela começava a ser produzida. As cenas externas eram gravadas na cidade cenográfica de Maricá, onde a Itabuna dos anos 20 estava fielmente retratada. As internas eram geradas do Complexo de Água Gradnde, onde estavam montandos mais de 80 cenários para a superprodução.

A Itabuna dos anos XX foi fielmente retratada pelo Departamento de Engenharia da Manchete. 120 funcionários trabalharam pesado e ergueram a cidade no tempo récorde de 70 dias.

A novela estreou com barulho, mas não obteve os resultados que Bloch imaginava. Com uma audiência presa nos 3 pontos e descontente com os resultados, Adolpho resolve trocar o diretor da trama. Com dois meses de exibição, Walter Avancinni assumia o controle da novela e, de imediato, chamou Walter George Durst para chefiar o time de roteiristas.

Pouco depois de contratar Avancinni, Adolpho Bloch falecia.

As primeiras providências do novo diretor foram rápidas. De uma vez só Avancinni agilizou a história, trouxe vários personagens e acabou com outros, "enxugando" o elenco da novela - que possuia cerca de 74 personagens. Além disso, deu boas pitadas de erotismo às cenas. Uma série de jovens atores entrava na história, como por exemplo, Carla Regina, Joana Limaverde e Ana Cecília.

Os resultados vieram rápido. A novela ficou com uma aidiência de 10 pontos em média, com chegava frequentemente a 12.

Além disso, a novela contava ainda com algumas participações especiais, como a da atriz Patrícia Luchesi. Merece destaque ainda Mírian Pires, que viveu a esposa de Boaventura Amaral. Dalton Vigh viveu Venturinha. Joana Limaverde interpretou Buriti, outra prostituta que se apaixona por um Turco. E Carla Regina fazia parte dos novos moradores da cidade de Tocaia Grande.

De um modo geral, o rendimento da novela foi bom. Considerando que esta era praticamente a primeira novela de uma emissora que não as fazia há muito tempo, a novela teve sua audiência justa. Os 22 pontos sonhados por Adolpho Bloch não poderiam ser conseguidos, pois, nessa época, a Manchete não tinha mais um público cativo. Era necessário "reatrair" esse telespectador, para que ele voltasse a confiar na emissora e se fixasse novamente nela. Quando "Xica da Silva" estreou, teve uma audiência de 17 pontos, só conseguido através do público que assistia "Tocaia". A novela também significou a volta dos faturamentos e créditos ao canal. Durante os 11 meses que esteve no ar, vários programas começararam a ser produzidos e, no final da novela, a programação da Manchete já era bem diferente da de outubro de 95.

74.5 - Uma Onda no Ar


Logotipo de 74,5 - Uma Onda no Ar. Produção independente da TV Plus, apresentada pela TV Manchete.

A novela foi criticada na época pelo título: a freqüência não existe em rádio comercial (vai de 87.8 a 107.9)

Do dia 24 de junho até o dia 18 de julho de 1994, a Manchete parou de apresentar os capítulos inéditos da novela e passou a levar ao ar os capítulos já exibidos em forma compacta. Isso aconteceu porque a Manchete não pôde exibir os jogos da Copa do Mundo naquele ano e não queria prejudicar a novela (os horários dos jogos coincidiam com os da novela).

O ator Paulo Autran desistiu de fazer a novela na última hora. Autran iria viver Álvaro, e foi substituído pelo diretor Cecil Thiré (o orçamento era pequeno, e não era possível contratar outro ator). Cecil foi avô da personagem de Letícia Sabatella, apesar de em 1994 o ator ter 50 anos enquanto Letícia tinha, 22.

Guerra sem Fim: Mergulhando no submundo do crime


A censura judicial da novela O Marajá na véspera da estreia da novela, forçou a emissora a produzir a toque de caixa a sinopse de Guerra Sem Fim, uma novela-reportagem de José Louzeiro, focada em também um assunto bombástico e pertinente à epoca: o submundo do Comando Vermelho (CV), organização criminosa que supostamente comandava o crime organizado no Rio de Janeiro dos anos 90. A novela contava exatamente com o mesmo elenco de O Marajá.


Alexandre Borges era o chefão do tráfico na novela
Essa novela mostrou uma garra admirável de uma equipe que trabalhou com recursos baixos, mas cheia de vontade. No entanto, nem a garra, nem a mágoa conseguiram trazer um espetáculo memorável aos telespectadores. Pelo contrário: a história dos problemas de segurança no Rio de Janeiro, com morros povoados de bandidos e policiais em luta armada, apresentou um dos climas mais negativos da televisão brasileira.

A equipe tinha que pedir permissão aos traficantes que comandavam as locações para gravar em horários determinados.

No último capítulo, apesar das polêmicas, os autores fizeram a união de Monarca (Hélcio Magalhães) e Viúva Negra (Paulão Barbosa), os homossexuais da trama.
Parte das cenas foram gravadas nos saguões e escritórios dos dois prédios da Manchete, no Rio de Janeiro, como medida de economia. Em um deles ficava o escritório do traficante Monarca (Hélcio Magalhães), e a casa de Lili Marlene (Lúcia Alves), mãe de Flávia (Júlia Lemertz), ocupava o outro. As externas eram gravadas no morro da Mangueira.
Júlia Lemertz e Alexandre Borges fizeram um par romântico nessa novela que se repetiria na vida real.

Foi o último trabalho do ator Rúbens Corrêa, que morreria no ano seguinte.

O Desafio de produzir uma novela sobre o tráfico de drogas em plena favela carioca

Louzeiro, que iniciou sua vida profissional como repórter policial, colheu depoimentos de autoridades das polícias Militar e Civil e também dos dirigentes reconhecidos do Comando Vermelho, como José Carlos do Reis Encina, o "Escadinha" e José Carlos Gregório, o "Gordo", que chefiaram a organização de dentro do presídio de segurança máxima Bangu I. José Louzeiro concluiu que o Comando Vermelho foi um "mito" criado por gente "muito poderosa" e que garantia que os depoimentos colhidos apresentam "revelações surpreendentes", que não adianta quais sejam.

A idéia de escrever sobre o Comando Vermelho para a televisão é antiga, conta José Louzeiro, e ganhou corpo a partir de uma série de artigos que vem escrevendo para um jornal carioca. Por causa destes artigos, visitou Bangu I para conversar com "Escadinha" e "Gordo". "Fui recebido com reticências no início, mas consegui vencer a resistência e por fim ouvi coisas surpreendentes", revela.

Louzeiro começou o trabalho com uma pergunta pré-formulada (e que está na reflexão de qualquer pessoa que pense a questão do crime organizado no Rio de Janeiro): será o Comando Vermelho efetivamente uma organização toda-poderosa, ou haverá acima dele uma estrutura controladora, chefiada por "big bosses" que jamais aparecem?

Surpreendentemente, o escritor ouviu a resposta positiva do subcomandante da polícia Militar, coronel Jorge da Silva: "O CV é comandado por gente de muito poder e muito dinheiro, que banca os seqüestros, o tráfico de drogas, o tráfico de crianças, o contrabando. `Escadinha’ e seus comparsas não teriam condições de financiar estas atividades. O Comando Vermelho é um mito criado por estes poderosos para atribuir a terceiros a responsabilidade pelos crimes", disse o militar, segundo Louzeiro.

O autor pretendia imprimir à série do CV a mesma linha que combina dramaturgia e jornalismo usada em "O Marajá". Ele voltaria à Bangu I para filmar entrevistas com "Escadinha" e "Gordo". Os teipes serão alternados com cenas de ficção e outras dos arquivos da TV Manchete.

O escritor conversou com o ex-delegado e atual deputado estadual Sivuca - eleito com o lema "bandido bom é bandido morto" - que lhe revelou as cifras movimentadas pelo crime organizado no Rio. São números impressionantes, adianta. Impressionante, também, é outra conclusão: "a polícia está envolvida em 11 de cada dez crimes cometidos no Estado", avalia Louzeiro, para quem a televisão precisa deixar de ser uma "brincadeira televisiva" e passar a "refletir a realidade". Ele não teme o tema delicado. "Há muitos anos escrevi "Lúcio Flávio, O Passageiro da Agonia", recebi ameaças, mas estou aqui, diz.

A novela sobre o Comando Vermelho deveria ter um narrador como condutor da história. Como a intenção era de que fosse ao ar somente em janeiro de 1994, nao há ainda atores escolhidos, mas o autor pensa em Alexandre Borges, Ivan Setta, Jonas Bloch e Julia Lemmertz. Se fosse mantida a interdição de "O Marajá", José Louzeiro convocaria outros escritores para acelerar a produção da nova trama que já tinha titulo definido: Guerra sem Fim.

O Marajá - A novela proibida


Logomarca Oficial da novela ''O Marajá'', produzida pela TV Manchete em 1993 e censurada por Collor! Minissérie da Manchete que contava, em tom de sátira, como foi o impeachment do ex-presidente da República Fernando Collor de Mello, que acontecera um ano antes, em agosto de 1992. Proibida de ir ao ar pelo próprio presidente, que se sentiu ofendido pelo texto, as fitas "sumiram" da emissora.

Cada personagem aludia a um personagem da vida real: André (Alexandre Borges) ao piloto de P.C. Farias, Jorge Bandeira; o motorista (José Dumont) ao motorista de Collor, Eriberto França; Felícia (Jussara Freire) à Denilma Bulhões, ex-mulher do ex-governador de Alagoas; a "certa atriz de coxas grossas" (Lúcia Canário) à atriz Cláudia Raia, que apoiou ostensivamente Collor em 1989. O próprio "Plano 2020" era uma referência ao "Plano 2000" que pretendia manter Collor no poder por mais 5 anos (na minissérie são 30 anos).

Prevendo que haveria processos por parte de Collor, Adolpho Bloch, o presidente da Manchete, contratou uma advogada para auxiliar os autores José Louzeiro, Regina Braga e Alexandre Lydia na tarefa de escrever a história, evitando complicações com a Justiça. Assim, Collor virou Elle. O personagem é o presidente de um país fictício que arma um esquema para se manter no poder por 30 anos. "Era um conceito revolucionário. Uma mistura de jornalismo com dramaturgia. Apresentávamos uma cena inacreditável e depois provávamos a veracidade com um depoimento", diz Louzeiro.

Mesmo com todo o cuidado e auxílio jurídico, a estréia, marcada para 26 de julho de 1993, não aconteceu. O Marajá foi proibida. O ex-presidente alegou que considerava sua honra arranhada pelas cenas da minissérie. Após meses e uma guerra de liminares, uma decisão judicial favorável a Collor selou o destino da obra. "A história toda nos mostrou que, mesmo depois do impeachment, Collor ainda tem poder, já que foi capaz de censurar uma obra antes de ela ser exibida", lamentou Alexandre Lydia, um dos roteiristas.

Há, até aqui, somente uma pista do paradeiro das fitas. O ex-diretor-geral da Manchete, Fernando Barbosa Lima, afirma que o próprio Adolpho Bloch decidiu guardar as fitas, com medo que elas fossem roubadas, e a Manchete, prejudicada. "Ele ficou assustado com o poder de Collor", conta Barbosa Lima, que era amigo de Bloch.

A história é contada por um narrador, um repentista e uma fofoqueira, na tentativa de se comunicar com públicos diferentes. O resultado é confuso. São idas e vindas entre depoimentos jornalísticos, dramaturgia e os narradores. Embora centrada em Elle, a protagonista de O Marajá é a jornalista Mariana (Júlia Lemertz).

No dia em que O Marajá estrearia, autores, diretores e atores se reuniram num jantar, no prédio da Manchete, no Rio, para esperar juntos, a hora em que o capítulo iria ao ar. Ficaram surpresos com a proibição da exibição da obra.

Júlia Lemertz disse que viveu na época das gravações de O Marajá uma situação kafkiana. "Nós fomos a sessões em que o direito de exibição da novela ia ser julgado e víamos aqueles homens de toga, debatendo, sem que pudéssemos dizer nada. Me senti em plena ditadura", conta. "Foi muito frustrante, porque a defesa da Manchete foi malfeita e, quando eu aceitei o papel, me disseram que a emissora estava calçada juridicamente".

Outro adjetivo veio à mente de Regina Braga, que ajudou José Louzeiro a escrever os primeiros cinco capítulos. "Estou perplexa. A proibição da novela foi uma violência à liberdade de expressão, mas essa história do desaparecimento das fitas foi demais", disse, sem esconder a surpresa. Alexandre Lydia, outro dos autores, ficou decepcionado. "Esse desaparecimento combina com toda a história da proibição da minissérie, que foi muito estranha", afirma. "É um trabalho enorme que fizemos com o maior empenho e nunca foi mostrado", completa.

Marcos Schechtmann, o diretor da minissérie, envolveu-se muito com o projeto na época. "Fomos censurados sem que ninguém visse os capítulos gravados ou escritos", diz. "É óbvio que eu gostaria de ver a minissérie exibida um dia, mas agora é passado, já consegui aceitar".

O ator Hélcio Magalhães, que fez Elle, a sátira de Collor, não escondeu a decepção. "Foi um trabalho de composição minucioso que eu fiz e que ninguém teve a oportunidade de ver".

ESCÂNDALO TRÊS ANOS DEPOIS

Após a morte de Pedro Collor, as fitas da novela desapareceram dos arquivos da Manchete. O escândalo foi denunciado pelo jornal "A Folha de São Paulo". Pedro Jack Kapeller, então presidente da Manchete, afirmou, na época, que Adolpho Bloch teria guardado as fitas em local seguro no momento que a novela foi censurada, em 1993.

Atualmente Hélcio Magalhães trabalha como fotógrafo, pois diz que sua carreira de ator fora muito prejudicada com as comparações ao ex-presidente.

Amazônia


"Viver em dois tempos ao mesmo tempo... Romper 100 anos em 1 segundo". Esse era o slogan de divulgação das chamadas da novela.

No final de 1991, Amazônia estreava com uma temática e uma história semelhante à de Pantanal. Embora fossem tamanhos os esforços para colocá-la no ar e a divulgar a sua estréia, Amazônia não passou de um grande fracasso para a emissora, que chegou a lançar uma segunda fase para recuperar os índices de audiência e compensar prejuízos. Mas não teve remédio: firmou-se como um dos maiores fracassos da dramaturgia da Rede Manchete e contribuiu bastante para o agravamento da crise da emissora.

A Manchete, que vinha bem, com o sucesso de Pantanal, e ainda não tinha se decepcionado completamente com os 16 pontos de A História de Ana Raio e Zé Trovão, gastou muito com essa novela, mas a audiência ficou muito aquém do esperado.

Inicialmente escalado para a direção da novela, Jayme Monjardim desentendeu-se com a direção da emissora e se afastou da Rede Manchete. A primeira parte da novela foi dirigida por Carlos Magalhães e a segunda parte por Tizuka Yamasaki.


A chamada de estréia de Amazônia impressionou


A novela estrearia antes, mas houve vários imprevistos com a produção, e a Manchete exibiu O Fantasma da Ópera, uma minissérie feita apressadamente, enquanto não se resolviam os problemas de Amazônia.

Amazônia foi contada em dois tempos simultaneamente: uma parte da história da novela se passava em 1899 e a outra parte na época atual (1991),
No desespero pela audiência, a partir do capítulo 43, a trama original de Amazônia teve um fim, e, com o mesmo elenco, entrou no ar Amazônia - Parte 2. Muito rapidamente saiu a história futurista e o passado da Amazônia dominou a cena, mas não a audiência. A novela chegou ao fim em junho de 92, já sobre a gestão do grupo IBF, com apenas 2 pontos de média de audiência.


Abertura original de Amazônia
A abertura da primeira fase da novela trazia moderníssimos recursos de computação gráfica, e era embalada pela canção Eldorado, de Marcus Viana.

Adolpho Rosenthal, diretor de criação da Manchete na época, procurou por todo o país um equipamento necessário para a produção da abertura. Até que surpreendentemente, encontrou o equipamento em uma afiliada da emissora, a TV Clube.

A abertura recebeu diversos prêmios, mas foi substituída na segunda fase da novela.



A História de Ana Raio e Zé Trovão


Uma novela diferente, bonita e com texto incomum. O elenco reuniu mais de cem intérpretes, entre atores e artistas do mundo circense.

Depois do sucesso de Pantanal, o grande desafio da Manchete seria manter a audiência conquistada com a trama de Benedito Ruy Barbosa. Impulsionada pela aceitação do público pela nova linguagem trazida pela novela, a emissora decidiu continuar a investir na idéia de mostrar o "Brasil que o Brasil não conhece". Jayme Monjardim idealizou a estória central, convidou Marcos Caruso e Rita Buzzar para desenvolver a trama e novamente, Marcus Viana para compor a trilha sonora.


Chamada de lançamento da novela
A novela estreou em 12 de dezembro de 1990, abusando das belas paisagens, clipes musicais e narrativa lenta, um tripé consolidado em Pantanal. A própria chamada de lançamento da novela insinuava a abordagem cinematográfica. Com muitos rodeios e músicas sertanejas, as tramas iriam surgindo ao longo das estradas brasileiras, sem uma temática predeterminada ou uma história definida antecipadamente. Mesmo porque as cenas eram gravadas basicamente em externas, em cidades e feiras cenográficas - não havia cenas de estúdio. Teve o mérito de exibir locações nacionais que nunca tinham sido exibidas na telenovela brasileira.

A trama, no entanto, arrastou-se ante poucos apelos folhetinescos. Alcançou média de 20 pontos de audiência, que embora fosse muito boa para uma novela fora da Globo, foi bem mais baixa que a audiência de sua antecessora (que teve picos de 51).

A novela contou com várias participações especiais, como as atrizes Irene Ravache e Regina Braga (vivendo elas mesmas), Beto Carrero, Orlando Orfei, Sula Miranda, Roberta Miranda, Rui Mauriti, Renato Teixeira, Chitãozinho & Xororó, Sandy & Júnior, Milionário & Zé Rico, Xangai, Sérgio Reis, Nalva Aguiar, Lílian, entre outros.

Foi reprisada em forma compacta de 29/03 a 31/05/1993, em 92 capítulos, de 2ª a 6ª feira às 18h (e mais tarde às 18h30).

Em 2010 o SBT reprisou a novela, de 07/06/2010 a 04/04/2011. Contrariando sua inicial proposta - uma reapresentação com mais ritmo e menos capítulos -, esta reprise acabou tendo uma edição realmente diferenciada, mas que resultou numa apresentação mais longa que a original da Manchete, totalizando 258 capítulos - contra os 251 da apresentação original.
Por ocasião desta reprise, foram lançadas no mercado duas novas trilhas com músicas da novela, além de suas trilhas originais.



Abertura da novela




Pantanal



Abertura de Pantanal
Pantanal foi o maior sucesso da Rede Manchete e uma das mais marcantes novelas da TV Brasileira. Sua elevada audiência levou a emissora dos Blochs ao primeiro lugar absoluto no horário, ameaçou as concorrentes e fez tremer as bases da Rede Globo.

Carlos Alberto de Nóbrega, do SBT, revelou que seu programa "A Praça é nossa" "nunca mais atingiu a marca dos 30 pontos de audiência depois da estréia de Pantanal".

A novela foi ao ar de 27 de março a 10 de dezembro de 1990, às 21h30. Foi escrita por Benedito Ruy Barbosa, com direção geral de Jayme Monjardim.


O INÍCIO DO PROJETO

Depois de sucessivas tentativas de emplacar a novela baseada no Pantanal matogrossensse na TV Globo, onde fora responsável por vários sucessos anteriormente, Benedito Ruy Barbosa trocou a líder por sua maior concorrente no ramo da dramaturgia: A TV Manchete. Jayme Monjardim, então Diretor de dramaturgia da emissora de Adolpho Bloch, acertou o contrato com o autor, sob a promessa de enfim realizar sua tão sonhada trama.

Inicialmente Adolpho Bloch pensava em lançar a novela na faixa das 19hs. Porém, o projeto foi modificado e ficou resolvido que Pantanal substituiria "Kananga do Japão", às 21h30.


A ESTRÉIA


A ameaça representada por Pantanal vira Manchete pelo Brasil
A novela estreou no dia de 27 de março de 1990 e impressionou o público e principalmente a concorrência. Seus capítulos recheados com cenas da natureza pantaneira, até então pouco explorada na TV, e de erotismo, causou um pânico na TV Globo até então líder absoluta no horário. A emissora dos Marinho chegou a lançar a novela "Araponga" no horário das 22hs protagonizada por Tarcísio Meira, como uma tentativa de bater a superprodução da Rede Manchete. Pantanal atigiu médias de mais de 40 pontos, uma marca até então só atingida pela TV Globo.

Pantanal foi também um pacote de revelações, entre eles Cristiana Oliveira, Marcos Winter, Marcos Palmeira, Rômulo Arantes e Carolina Ferraz. Pantanal também veio recheada de atores renomados como Claudio Marzo, Natália Thimberg, Jussara Freire, Cássia Kiss, Rosamaria Murtinho, Tarcísio Filho, Ângela Leal, Sérgio Brito, Ítala Nandi e muitos outros.

O contato direto dos jovens com a natureza proporcionou cenas de rara beleza e fantasia. O Pantanal, até então quase desconhecido por todos, passou a ser explorado constantemente por documentários e, além disso, o Turismo à região cresceu como nunca.

A novela ainda rendeu duas reprises. Uma em 1992, e outra em 1998 (quando a Manchete foi vendida para a RedeTV!).

Kananga do Japão


A partir de agosto de 1989, uma novela traria de volta a Rede Manchete ao caminho das superproduções. Idealizada por Adolpho Bloch, entrava no ar Kananga do Japão. O sucesso veio rápido. Com um trabalho minucioso, a equipe da novela reconstituiu, em tamanho real, a Praça Onze da década de 30. A cidade cenográfica foi construída em Maricá, a 40 km da capital fluminense.

No início de 1989, Adolpho Bloch conversava com Carlos Heitor Cony sobre a realização de um antigo projeto de sua própria autoria. Baseado em passagens de sua vida, o empresário pediu ao escritor que preparasse a sinopse da novela. E assim Cony o fez. A sinopse foi apresentada e a novela começou a ser produzida com autoria de Wilson Aguiar Filho e direção de Tizuka Yamazaki.

Com cenas de erotismo e contando com uma direção de primeira qualidade, a novela registrou médias de 15 pontos de audiência, com picos de 19. Foi um sucesso, que contribuiu para o crescimento da emissora naquela época. Crescimento esse que culminaria na explosão do sucesso Pantanal, que substituiria Kananga.

A novela misturava ficção com realidade. O pano de fundo era o movimento musical dos anos 30, o que proporcionou um enlevo mágico ao projeto. No entanto, o autor soube costurar o folhetim com os principais momentos da história do país na década enfocada, como a Intentona Comunista de 35, que ganhou muita força no roteiro, principalmente com a dupla Cassiano Ricardo e Bettina Vianny ao encarnarem Carlos Prestes e Olga Benário.


Abertura de Kananga do Japão
Kananga do Japão foi apresentada com toques de grandeza que tinha início na ótima abertura, onde um casal dançava em meio a imagens de fatos que caracterizavam a época, entremeadas pelo carnaval de rua. A abertura foi coreografada por Carlinhos de Jesus, que também chegou a fazer uma participação na novela.

Dessa vez o gigantismo do projeto não se perdeu na telinha. Por trás havia a competência da direção de Tizuka Yamasaki e Carlos Guimarães, além de contar com um elenco perfeitamente escalado. O resultado final foi excelente, principalmente quando se depara que tal aparato aconteceu fora do profissionalismo de produção da Globo.

Os personagens de Cristiana Oliveira, Cláudio Marzo e Elaine Cristina morreram na trama para que seus intérpretes pudessem começar a gravar a novela substituta, Pantanal.

A diretota Tizuka Yamasaki declarou em entrevista:
"Tenho um estilo mãe de lidar com equipe. Com ator não me estresso. O ator é igual a um filho e se estressa em 90% dos casos porque está inseguro. A Christiane Torloni quis colocar outra figurinista em Kananga do Japão. O seu Adolpho (Bloch, dono da TV Manchete) me mandou um recado nesse dia: ’Se quiser, pode tirá-la da novela’ . Mas eu disse: ’Não posso. Ela é protagonista’. Aí, dei um gelo nela, comecei a tratá-la sem carinho. Quando você trabalha com um ator que parece criança, tem de agir como tal: dar castigo, ficar de mal. Fiquei sem falar com a Christiane durante um mês e meio, até o fim da novela. Ela fez brilhantemente o papel e, no último dia de gravação, dei-lhe um abraço e os parabéns."

Primeira novela da atriz Cristiana Oliveira. Última novela de Wilson Aguiar Filho, que faleceu logo depois de escrevê-la.

Kananga do Japão foi reprisada de 21/05/1990 a 18/01/1991, em 209 capítulos, de segunda a sábado às 19h30.
E também de 18/03 a 10/10/1997, em 149 capítulos, de 2ª a 6ª feira às 20h (e mais tarde às 19h).

Olho por Olho


Olho por Olho - 1988 Depois da boa repercussão de Corpo Santo, a Rede Manchete investia no mesmo tema, contando, mais uma vez, com o talento de José Louzeiro em roteiros como esse, com clima policial e marginalidade carioca.

Olho por Olho teria Maitê Proença no papel principal, e direção geral de José Wilker. Mas Wilker se desligou da Manchete por discordar da forma como as revistas influenciavam nos investimentos feitos na TV. Maitê, por outro lado, ficou irritada com a campanha de relançamento de Dona Beija, que apelava para a nudez da atriz. Ela foi substituída por Renee de Vielmond.
Não chegou a ter a audiência esperada.

SINOPSE

Após o assassinato do patriarca Horácio Falcão, sua mulher Ana Paula e os quatro filhos (Justo, Máximo, Caio e Júlio) juram vingança. Após eliminar dois dos matadores do pai, a família parte para o Rio de Janeiro em busca de proteção e para localizar o terceiro homem que participou do assassinato.

No Rio, Justo envolve-se com o Capitão Flores, ligado à repressão da época da ditadura militar, e Antônio Barjal, um empresário mafioso. Enquanto isso, Máximo se alia a Rico, passando a frequentar o sub-mundo da prostituição masculina. Neste cenário está a prostituta Paula, por quem Máximo se apaixona.

Carmem


Carmem - 1987 A cultuada personagem de Merimée e Bizet chegou à telenovela. Escamilho, o toureiro da ópera, virou Camilo (José Wilker, numa participação especial), trocando as arenas de touros por pistas de carros de corrida.

Glória Perez voltava à telenovela mostrando que tinha fôlego para sustentar uma boa história parcelada.

A base da sinopse trazia elementos de sua outra novela, Barriga de Aluguel, que por essa época estava indevidamente guardada em qualquer gaveta da TV Globo.

Depois de 10 anos atuando em novelas da Globo, Lucélia Santos abandonou a emissora e se transferiu para a Rede Manchete.

Em entrevista ao programa Por Trás da Fama (Multishow), em setembro de 2005, Glória Perez afirmou que um dos maiores absurdos que escreveu está na novela Carmem - de acordo com a matéria da jornalista Laura Mattos publicada na Folha de São Paulo:
"É a própria Glória Perez quem conta a cena e ri: em Carmem, de sua autoria, um casal briga; a mulher saca um revólver e dispara seis vezes contra o marido; acaba o capítulo; no episódio seguinte, o telespectador fica sabendo que a moça ’conseguiu’, a menos de um metro do rapaz, errar todos os tiros!"

Uma curiosidade: Silvio Santos fez uma participação especial na novela. O apresentador abriu as portas do Programa Silvio Santos para a personagem Creuza (Bia Sion) participar do quadro Namoro na TV. Sonhadora e romântica, Creuza vai até lá solicitar um namorado através da mídia eletrônica.

Carmem foi reprisada em forma compacta de 19/03 a 07/06/1990, em 69 capítulos, de segunda a sábado às 13h (e mais tarde às 13h15).

Helena


Helena - 1987 Segunda adaptação do romance de Machado de Assis para a televisão. Em 1975, a Globo lançou o horário das 18 horas com a versão de Gilberto Braga para esta obra do escritor.
Nesta versão, os três autores inventaram vários personagens e tramas que não existiam no romance original, muito menos na adaptação de Gilberto Braga. A novela recebeu um aumento considerável no número de capítulos: dos 20 da versão global, o número aumentou para cerca de 150.


A novela foi reprisada de 09/01 a 15/07/1989, em 148 capítulos, de segunda a sábado às 21h30.
E também de 05/07/1993 a 25/02/1994, em 158 capítulos, de 2ª a 6ª feira às 16 horas.

Depoimento do Autor

No livro Minhas Mulheres e Meus Homens (Editora Objetiva), o autor Mário Prata fala sobre a novela:

"Eu estava adaptando Helena, do Machado de Assis, para a Manchete. (...) E tinha a personagem da namorada do Estácio que eu gostava tanto dela que nem lembro mais o nome. A Mayara (Magri) foi escalada para o papel. Levei um papo com ela.
- Olha,eu não sei bem ainda o que fazer com a personagem. Aliás, a culpa é do Machado que me passou a personagem torta (que presunção, meu Deus!). Mas fica tranqüila, que com o tempo, a coisa pinta.

Mas não pintava. A personagem ia capengando apesar dos esforços da Mayara, do Luiz Fernando Carvalho e da Denise Saraceni, os diretores. Lá pelo meio da novela, já que ninguém assistia mesmo, eu, o Reynaldo Moraes e o Dagomir, resolvemos brincar. A novela se passava em 1859.

Câmera no rosto da Mayara. Ao fundo, uma interminável discussão entre os pais dela, em off.(...) E ela falando:
- A barra tá pesada, a barra tá pesadíssima!

Depois a câmera abria e mostrava que ela estava se referindo àquela barra de ferro que fazia as barras dos vestidos.

Noutra cena, o Ivan de Albuquerque (padre) e o Zé Fernandes de Lira (coroinha) conversavam sobre a desmiolada Yara Amaral:
Zé - Lá na minha terra, no Recife, eles dizem que a lucidez é uma pira eternamente acesa. E quando a pessoa começa a endoidar, dizem que é porque a pira está apagando.
Ivan - Você acha então que a Dona Dorzinha tá pirando?

Zé - Tá completamente pirada, padre.

Ivan - Então vamos rezar para Deus que ainda não pirou.

(...) Mas o problema era com a namorada do Estácio. Como a gente não sabia o que fazer com ela, inventamos uma viagem para os Estados Unidos (em 1859) durante uns 20 capítulos para ver se achávamos uma saída. Com isso, resolveríamos também um outro problema da novela. O mal, para o autor de novela de época, é não ter telefone. O telefone resolve tudo numa novela. A gente resolveu então colocar telefone na novela para facilitar o diálogo entre os personagens que viviam em fazendas distantes. O departamento de pesquisa da Manchete nos informou que Alexander Graham Bell só patentearia o invento 17 anos depois (...) Isso não era problema para nós.

Que o Machado nos perdoe, mas criamos um personagem-primo da Mayara - que morava na mesma fazenda e era dado a inventos. Estava ele tentando inventar o telefone. Dezessete anos, portanto, antes do Graham Bell. E eis que volta dos Estados Unidos a nossa heroína, toda americanizada, com botas com estrelas brancas em fundo azul, chapéu de caubói e tudo que tinha direito. E trouxe um namoradinho. O namoradinho se chamava Alex Bell. Roubou o invento do primo, deu um pé na bunda dela, voltou para os Estados Unidos, patenteou, ficou rico e famoso."

Corpo Santo


Corpo Santo - 1987 A Rede Manchete se lançou na aventura de repetir o sucesso de Dona Beija tendo como proposta base fazer uma novela reportagem enfocando o dia-a-dia dos personagens sem esquecer a mágica da ficção.

Corpo Santo foi criticada na época por ser uma novela muito "barra-pesada". Teve alguns problemas com grupos católicos, como o ultramoralista "O Amanhã de Nossos Filhos", da TFP.
Os autores José Louzeiro e Cláudio MacDowell sairam antes do final da novela. Wilson Aguiar Filho e a colaboradora Leila Miccolis foram convocados para concluir Corpo Santo.

A problemática da Aids foi pela primeira vez tratava numa novela, através da personagem Marina, uma prostituta interpretada pela atriz Eliane Narduchi.

Mas logo a Manchete conseguiu contornar os problemas. A novela teve um relativo sucesso, garantindo sempre um segundo lugar no Ibope com cerca de 14 pontos.

Primeira novela do ator Marcelo Serrado.

A novela foi reprisada na íntegra de 05/12/1988 a 20/07/1989, de 2ª a 6ª feira às 13h.
Também de 21/01 a 15/06/1991, em 121 capítulos, de segunda a sábado às 19h30 e 19h50.
E ainda de 02/08 a 27/10/1993, em 94 capítulos, de segunda a sábado às 18:30.

Mania de Querer


Mania de Querer - 1986 Atração da Manchete que procurou o cenário paulista para centrar sua história.

Última novela dirigida por Herval Rossano na Manchete.
A dupla Nívea Maria e Carlos Augusto Strazzer não foi até o fim da novela - pediram rescisão de contrato em solidariedade ao diretor Herval Rossano que havia sido demitido.

Os dramas de Lúcia (Aracy Balabanian) acabaram por centralizar a trama - muito bem conduzida - que por fim agradou.

A novela foi reprisada de 14/03 a 15/09/1988, em 153 capítulos, de segunda a sábado às 19h30.

Tudo ou Nada


O lançamento de um novo horário de novelas na Manchete e de um novo autor: José Antônio de Souza.

Teve um primeiro capítulo antológico, em que toda uma história foi contada. Só que o seguimento da ação exibiu uma trama experimental não acompanhada pela produção.

O texto foi comercializado no exterior e tem versões mexicanas e colombianas.

A novela foi reprisada no Romance da Tarde de 03/08/1987 a 11/03/1988, em 156 capítulos, de 2ª a 6ª feira às 14h15 e 18h30. E teve ainda uma reprise compacta de 28/09 a 14/11/1992, em 39 capítulos, de segunda a sábado às 19h30.

Novo Amor


Novo Amor - 1986 Deliciosa atração da TV Manchete, sem lances folhetinescos e nenhum maniqueísmo.

Ênio Gonçalves, como o malandro Léo, e Beatriz Lyra, como sua mulher, estiveram ótimos.

Manoel Carlos, o autor, comentou sobre a novela:

"Estava triste com a morte do Jardel (Filho) e com o desfecho da novela (Sol de Verão). Então, quando o contrato acabou (com a Globo), não renovei. Na verdade, não houve empenho de nenhuma das partes na renovação, em vista do desgaste do episódio. Fiquei algum tempo superando o estresse. Foi quando recebi o convite da Manchete, através do Maurício Sherman. Escrevi Novo Amor, nome horroroso apesar da palavra amor, que usei depois em duas outras novelas (História de Amor e Por Amor). O que aconteceu, e que agora revelo, é que o título original da história era Brilho, nome da revista de moda que abrigava um dos núcleos mais importantes da trama. Mas a idéia foi vetada por Adolpho Bloch, (dono da emissora), alegando que poderia haver uma associação com a cocaína, que era chamada, pelo menos na época, de brilho. Foi uma experiência muito boa e sempre recebi apoio de todos lá dentro, principalmente do Zevi Ghivelder, então diretor-artístico da emissora".

Reprisada no Romance da Tarde de 11/05 a 31/07/1987, em 70 capítulos, de 2ª a 6ª feira, às 14h15.

SINOPSE

O triângulo amoroso formado pelo comissário Bruno, a estilista Fernanda e o senador Marco Antônio conduz a trama.

Um jogo de emoções em que os pares se completam e se disfazem no entrechoque das ambições, do ódio, do ciúme e do desejo. A luta incessante entre o querer e o poder.

Dona Beija



Anúncio da novela, que deixava claro o apelo sensual da trama
Dona Beija entrou no ar em agosto de 1986. Baseada na Obra de Agripa Vasconcelos, foi adaptada por Wilson Aguiar Filho e dirigida por Herval Rossano. A novela teve 89 capítulos e um gasto total de 160 milhões de dólares. Protagonizada por Maitê Proença e contando ainda com grandes nomes como Gracindo Jr. e Carlos Alberto, a novela se consolidou como o primeiro grande sucesso da Rede Manchete na área de dramaturgia. Atingiu média de 15 pontos de audiência. Maitê Proença disse que "a vontade de que desse certo foi o que motivou a equipe a levar o trabalho adiante".
Sucesso em sua primeira exibição na TV Manchete, Dona Beija consagrou Maitê Proença como símbolo sexual ao exibir cenas da atriz tomando banho nua numa cachoeira e cavalgando nua. Tanto que, no ano seguinte, ela estampou a Playboy com um dos ensaios sensuais mais comentados da época.

Baseada nas obras de Dona Beija, a Feiticeira do Araxá, de Thomas Leonardo, e A Vida em Flor de Dona Beija, de Agripa Vasconcelos, a novela conta a trajetória de Ana Jacinta de São José, uma linda mulher que abalou a pacata Araxá (MG), no século XIX.

A mistura da beleza da chapada da Diamantina, na região de Minas Gerais vinha acompanhada de um fortíssimo enredo e de cenas de erotismo. A novela tinha os ingredientes necessários para manter o público ligado na tela da Manchete.

A novela era exibida no horário das 21:30hs, após o Jornal da Manchete e ainda foi assistida por um total de quinze países, entre eles, Estados Unidos e Japão.

Dona Beija foi reprisada duas vezes na Manchete:
 - de 09/05 a 20/08/1988, em 89 capítulos, de segunda a sábado, às 21h30.
 - de 05/10/1992 a 11/03/1993, em 102 capítulos, de 2ª a 6ª feira, às 21h30.
Ainda foi lançada em vídeo, em 1987.

Em 2009, o SBT decidiu reprisar a novela, fazendo suspense sobre durante o relançamento. A emissora anunciava uma "nova arma secreta", "mais um sucesso da TV Manchete", embalada no sucesso que a reprise de Pantanal teve no ano anterior. Mas a reexibição de "Beija" na faixa das 23hs ficou presa na média dos 4 pontos, e não correspondeu às expectativas de audiência.

Antônio Maria


Lotipo da novela Antonio Maria A Rede Manchete produzia sua primeira telenovela, reeditando a história do galante português Antônio Maria. A novela original havia sido um grande sucesso da TV Tupi em 1968, com Sérgio Cardoso no papel-título.

Mas dessa vez não houve sucesso. O erro maior foi exibir o protagonista em Portugal no primeiro capítulo, mostrando um Antônio Maria milionário fugindo de uma mulher apaixonada e possessiva, Amália (Eugênia Melo e Castro), eliminando assim o grande segredo da trama e o seu maior charme.

Além disso, o grande sucesso da versão original contava com o indiscutível carisma de Sérgio Cardoso (ainda que o português Sinde Felipe seja um ótimo ator) e tinha um elenco com muita garra - que se afinava mais aos métodos de Geraldo Vietri (autor e diretor na duas versões).

Por fim, nesta revisão, o entrecho sofreu mudanças consideráveis e terminou com Maria Clara (Glória Cristal) matando o vilão Heitor (Paulo Ramos).
A novela foi reprisada no Romance da Tarde, de 08/12/86 a 05/05/87, em 120 capítulos - 2ª a 6ª feira, às 14h15.

1999: A venda da TV Manchete



A Nova Manchete, anunciada pelo Grupo Renascer de Comunicação
Em Janeiro de 99, a emissora assinou um contrato com o Grupo Renascer em Cristo, propriedade de Sônia Hernandez. Pelo acordo, a Igreja Renascer exploraria a emissora, produzindo programas e recebendo os patrocínios, e em troca pagaria por mês R$ 80 milhões ao Grupo Bloch, como uma espécie de "aluguel". A partir daí novas chamadas anunciando o que seria a "Nova Manchete" entravam no ar. A reexibição de "Pantanal" e o programa "Se Liga Brasil" continuavam na grade. Claudete Troiano trazia de volta o feminino "Mulher de Hoje". O "Jornal da Manchete" também voltava ao ar. Porém, o acordo não deu certo e foi desfeito em fevereiro do mesmo ano, porque a Igreja não pagou a primeira parcela dos salários.


A emissora entrou pelo ano de 1999 ainda com mais um problema: o grupo IBF reivindicava havia três anos na justiça a posse do canal. O Grupo Bloch teria que esperar um resultado positivo dessa liminar para vendê-la. A liminar saiu em abril do mesmo ano, e a emissora foi finalmente vendida no dia 16 de maio de 1999 para Amílcare Dallewo, dono da TV Ômega, que era a produtora do programa "Domingo Total" , exibido na emissora no ano anterior.

A VENDA
Parecia o fim de um pesadelo o término da reunião realizada no dia 16 de maio entre o grupo Bloch e a TVômega, onde ficou resolvida a venda da Rede Manchete de Televisão. O grande drama sofrido pelos funcionários, devido à falta dos pagamentos dos salários desde meados de agosto de 1998, parecia ter acabado. A emissora foi finalmente vendida para o empresário Amilcare Dallewo, dono da produtora independente Tv Ômega e um dos sócios da Teletv, empresa que explorou durante anos na TV o esquema de sorteios via participação telefônica com o prefixo 0900. Pelas negociações, Amilcare Dallevo alegou que assumiu as dívidas da TV Manchete com o governo federal e tambpem os salarios atrasados dos funcionários, totalizando 250 milhões de reais. Em troca levou as concessões da rede, com cinco emissoras de TV pelo Brasil.  A transação não enolveu os ativos e passivos da TV Manchete, logo ficaram de fora os equipamentos, os prédios e mais 80 milhões de reais em outras dívidas. O empresário planejava investir cerca de R$100 milhões em equipamentos e novas instalações no primeiro ano de operação. Ainda pelo acordo, as instações da Bloch Editores no Rio poderiam continuar sendo ocupadas durante os noventa dias seguintes.

Entrevista com Amilcare Dallevo, logo após assumir a TV Manchete
Nos vídeos o então novo dono afirma:

- Assumiu as dívidas com os trabalhadores e com o Governo Federal
- A TV Manchete, com outras dívidas, prédios e equipamentos, foi adquirida por um outro grupo, formado por ex-banqueiros.
- Pagaria os salários atrasados da Manchete em prestações durante 12 meses
- Manteria a cabeça-de-rede no Rio de Janeiro
- Teria a sua TV uma programação de qualidade, focando sempre em faturamento

O DRAMA DOS ÚLTIMOS DOZE MESES

A crise que a Rede sofreu durante seu último ano de vida, atingiu principalimente os funcionários. Desde agosto que ninguém via a cor do dinheiro. Tudo começou com a redução de investimentos dos anunciantes, principalmente, por conta do lançamento da novela Mandacaru que não repetiu o sucesso de público e faturamento conquistados pela sua antecessora Xica da Silva. A situação piorou com o investimento no vácuo feito em Brida. A novela não registrou o mínimo de cinco pontos, e foi retirada do ar pelo meio. A partir daí foi uma reação em cadeia: desacreditados, estrelas  deixaram a  Manchete rumo às outras emissoras, como o caso de Márcia Peltier e Raul Gil; a produção de programas foi parando aos poucos e funcionários entraram em greve. Durante esse período a emissora perdeu várias emissoras afiliadas, principalmente para a Rede Record em sua fase de expansão. Para complicar a situação, o grupo IBF moveu uma ação em Março de 1998 exigindo a posse da emissora, o que a impedia de ser vendida. Foram tentadas soluções rápidas, como a reprise do fenômeno Pantanal e uma parceria com o Grupo Renascer, que não foi considerada legal pela justiça. Em maio deste ano, saiu a limnar, dando posse da rede aos Bloch, podendo assim serem retomadas as negociações da venda da emissora.


EMISSORA NÃO FOI TOTALMENTE VENDIDA

Segundo afirmou o próprio Amilcare, a Tv Ômega assumiu somente a parte dos ativos. Os equipamentos foram vendidos a bancos e outras instituições. Além disso, não foi incluída na venda a produtora de programas Bloch Som e Imagem, criada em 1996 como artifício para o caso de a emissora ser embargada pela Justiça. A produtora que, teoricamente, produziu Xica da Silva e outros programas, conta ainda com o complexo de Água Grande e continua sob a custódia dos Bloch. Uma das promessas de Pedro Jack Kapeler, presidente das empresas Bloch, era que a produtora voltaria a fabricar programas em breve. Mas isso não chegou a acontecer.


PRIMEIROS PASSOS DA NOVA EMISSORA

Segundo Amilcare, o objetivo principal da emissora seria o faturamento e prometeu para o mês de agosto mudanças radicais na programação da nova emissora, com o fortalecimento do jornalismo. O empresário contratou uma empresa especializada para escolher o nome novo da rede e já retirou do ar todos os logotipos e vinhetas relacionados à Rede Manchete. Inclusive o Jornal da Manchete provisoriamente passou a se chamar Primeira Edição.

O jornalismo voltou a produzir reportagens para o Primeira Edição que voltou a ter uma hora de duração. Voltaram ao ar ainda o Se liga Brasil, apresentado por Carlos Chagas, as transmissões de Tênis. Mas a programação foi recheada de programas de televendas, enquanto o empresário estruturava a nova emissora.

No dia 31 de agosto, o unico evento marcante que houve foi a interrupção do pagamento de quase todos os funcionários legados da antiga emissora. Muitos entraram na justiça, e sequer tiveram a baixa na carteira de trabalho. Segundo o sindicato dos radialistas do Rio, a TV Ômega descumpria assim uma promessa feita ao Ministério das Comunicações, de pagar os salários atrasados, e manter boa parte do quadro de funcionários.

Com data inicial prevista para agosto, a nova emissora só estrearia no dia 15 de novembro, gerada de São Paulo, e com um nome curioso: "RedeTV". Ironicamente trouxe uma roupagem moderna, uma grade de programação baseada em jornalismo, seriados renomados, filmes clássicos, programas de entrevistas, e um infantil das 17h as 19hs. O foco, pasmem, eram as classes A e B. Mas as semelhanças com a sua antecessora parariam por aí. Depois de popularizar sua programação numa busca desesperada por audiência, a RedeTV! viraria sinônimo de TV popularesca, dando ênfase a programas sensacionalistas e fofocas da vida de celebridades e subcelebridades. Isso sem falar nos inúmeros processos que a emissora sofreria na justiça por dívidas trabalhistas dos funcionários da TV Manchete.

O FIM DAS EMPRESAS BLOCH
Quando a Rede Manchete foi vendida, a emissora foi dividida em duas empresas: a parte "podre", que Amilcare alega não ter levado, foi vendida a uma emrpesa chamada Hesed Participações, tendo a Bloch Editores como fiadora. No ano seguinte a venda, em 2000, a Hesed declarou falência, e com isso a editora foi responsabilizada pelas dívidas deixadas pela empresa. A Bloch não suportaria mais a situação e enrtraria em concordata preventiva. As revistas foram deixando de circular, funcionários entraram em greve, e a empresda decretou falência.

1998: Brida é cancelada no meio e crise se instala na emissora


Logo do JM de 1998 No ano de 1998 a situação da emissora pioraria. A novela Mandacaru dava baixos lucros, e os programas jornalísticos estavam desgastados. Aliada a isso, a situação econômica do país não andava bem, e as taxas de juros estavam em alta, inclusive das dívidas da emissora.

A Manchete anunciava novidades já no mês de março. A primeira delas consistiu em uma grande reformulação dos noticiários da Rede. O "Jornal da Manchete" foi totalmente renovado e teria três edições ao longo do dia. A proposta era que o jornalismo voltasse a ser como na época da estréia da emissora. Assim, no dia 27 de março, o telejornal entrava em cena com cenário totalmente futurista, trazendo de volta a redação do jornal, atrás de um vidro que mostrava um enorme mapa-múndi.

Claudete Troiano assumiu o comando do vespertino "Mulher de Hoje", deixado por Beth Russo em dezembro de 97.

Salomão Shwartmman substituía o "Momento Econômico" pelo "Frente a Frente".

No início de março, estreava o programa de Magdalena Bonfigliolli. Intitulado "Magdalena Manchete Verdade", o programa mostrou bons resultados. Sua fórmula já era conhecida: nele, os convidados davam depoimento de seus problemas para a apresentadora, e a equipe do programa tentava resolvê-los. Caracterizou-se por ser um programa extremamente popular.

Aos domingos também houve uma grande novidade. Em parceria com a produtora independente TV Ômega, de propriedade de Amílcare Dalewwo, a Manchete substituia o mal-sucedido "Domingo Milionário" pelo "Domingo Total", comandado por Otávio Mesquita, Virgínia Novick e Sérgio Malandro. O programa teve ótimos índices de audiência, principalmente quando entrava no ar o quadro comandado por Otávio Mesquita, onde o apresentador acordava vários famosos. Sérgio Malandro também se destacou com à frente da "Festa do Malandro".

Mesmo com essas bem-sucedidas estréias, os juros das dívidas cresciam, o que sufocava a emissora.

Em junho do mesmo ano, o salário dos funcionários não foram pagos, o que era um péssimo sinal. As transmissões da Copa do Mundo de 98 não renderam os lucros esperados, e em agosto entrava no ar a novela Brida, baseada na obra sucesso de vendas de Paulo Coelho. A magia do autor parece não ter funcionado com a novela. A audiência ficou baixa, o que ocasionou uma troca de enredo na trama.

Mesmo com todo esforço, a novela fracassou. O atraso nos pagamentos causou uma greve pelo elenco da novela. Sem saída, a trama foi tirada do ar pelo meio. E o problema não era só esse.

Sem garantias numa emissora que já estava afundando, vários profissionais valorosos saíram da casa. De uma só vez, debandavam Márcia Peltier, Otávio Mesquita e Raul Gil, este último levando o seu programa de volta para a TV Record. Além disso, a emissora também extinguiu o "Domingo Total", o que provocou diretamente a saída de Sérgio Malandro e Virgínia Novick. As tardes de domingo contavam agora com uma seção tripla de filmes: o "Festival Manchete de Cinema". Aliado a isso, a produção dos jornalísticos parou, e os programas começavam a ser reprisados. O "Mexe Brasil", apresentado por Marcelo Augusto, também entrava no clima das reprises. O jeito foi exibir novamente o grande sucesso da emissora: Pantanal.

Pantanal entrava novamente no ar no dia 26 de Outubro de 1998, e o Jornal da Manchete fora reduzido para trinta minutos. Carlos Chagas vinha novamente como "tapa buraco" na programação, estreiando o programa Se Liga Brasil diariamente após a novela. Nessa época, um show de programas de Televendas invadia a tela da Manchete. O vespertino Mulher de Hoje foi extinto. Em dezembro do mesmo ano, o Jornal da Manchete saía do ar por motivo de greve geral.

Em Janeiro de 99, a emissora assinou umm contrato com o Grupo Renascer em Cristo, propriedade de Sônia Hernandez. Pelo acordo, a Igreja Renascer exploraria a emissora, produzindo programas e recebendo os patrocínios, e em troca pagaria por mês R$ 80 milhões ao Grupo Bloch, como uma espécie de "aluguel". A partir daí novas chamadas anunciando o que seria a "Nova Manchete" entravam no ar. A reexibição de "Pantanal" e o programa "Se Liga Brasil" continuavam na grade. Claudete Troiano trazia de volta o feminino "Mulher de Hoje". O "Jornal da Manchete" também voltava ao ar. Porém, o acordo não deu certo e foi desfeito em fevereiro do mesmo ano, porque a Igreja não pagou a primeira parcela dos salários.

A emissora adentrou o ano de 1999 ainda com mais um problema: o grupo IBF reivindicava há três anos na justiça a posse do canal. O Grupo Bloch teria que esperar a liminar dando-lhes a posse da emissora para vendê-la. A liminar saiu em abril do mesmo ano, e a emissora foi finalmente vendida no dia 16 de maio de 1999 para Amílcare Dalewwo, dono da TV Ômega, que era a produtora do "Domigo Total" exibido na Manchete em 1998.

1997: Mandacaru estréia, mas não mantem a audiência de Xica



Vinheta de 14 anos
A emissora entrou pelo ano de 1997 sustentada no sucesso de Xica da Silva. Para se ter uma idéia, na época da novela, o "Jornal da Manchete" registrava uma média entre 08 e 09 pontos. Além de sustentáculo para a programação, a arrecadação com a trama possibilitava novos investimentos. Sendo assim, as novidades vieram rápido.


Entre as novas atrações, estreva Mistério, apresentado por Walter Avancinni, que passaria a revezar com o Câmera Manchete nas noites de quarta. O propósito era mostrar fenômenos paranormais ressucitando a velha fórmula do "Acredite se Quiser", também apresentado pela rede no final da década de 80.


O semanal "Na Rota do Crime" ganhava agora uma edição diária com meia hora de duração apresentada por Florestan Fernandes. Marcos Hummel passou a dividir a apresentação do "Jornal da Manchete" com Márcia Peltier. Essa úlitma alteração, no entanto, durou pouco tempo. Embora a audiência do jornal estivesse em alta, a emissora tirou Marcos Hummel da apresentação do jornal.


Após seu bom desempenho como especial de final de ano, "Mexe Brasil", tornou-se semanal. Inspirado no especial "Samba Brasil", estreou nas noites de sábado.



Chamada de estréia de Mandacaru
Em 19 de agosto, com o fim de "Xica da Silva", entarava no ar "Mandacaru", baseada na história do cangaço. A novela não repetiu o sucesso da anterior, ficando presa à média de 8 pontos de audiência. Ainda em agosto, no dia 23, Sula Miranda estreiou o musical "Sula Miranda Show", nas noites de sábado. O "Mexe Brasil", por sua vez, foi transferido para as noites de quinta-feira.


Nas tardes de domingo, em parceria com a "TV Ômega", de Amílcare Dalewwo, uma nova proposta surgia. A emissora trazia de volta Jota Silvestre, juntamente com Marcelo Augusto, Thunderbird e as criaças Luís Fernando e Isabella no comando do Domingo Millionário. Com muitos jogos e brinacadeiras, o programa oferecia o prêmio máximo de 1 milhão de reais, além do sorteio de vários carros, entre os participantes que telefonassem a partir do sistema "0900". Jota Silvestre trouxe de volta seu velho sucesso, o quadro "O céu é o Limite". Mais tarde, Sérgio Reis entrava no "Domingo" apresentado o campestre "Sérgio Reis do Tamanho do Brasil".


Ainda em 97 a emissora lançava a menina Debby, de apenas cinco anos de idade, como apresentadora da nova versão do "Clube da Criança", exibido às 18h, com apenas meia hora de duração.


Para as tardes, a emissora trouxe o feminino "Mulher de Hoje", comandado por Beth Russo, que mesclava, entre outros assuntos, dicas de beleza, culinária, artesanato e entrevistas. O programa ia ao ar das 15h às 17h.

1996: Xica da Silva recoloca a Manchete na vice-liderança


No início de 96 a rede crescia e programas como o Câmera Manchete ganhavam destaque e audiência.


Vinheta interprogramas do início de 1996
Uma nova vinheta marcaria o início da programação e o antigo slogan, "Qualidade em primeiro lugar", sofria uma pequena adaptação, para deixar claro a busca pela popularização da audiência: "Rede Manchete, Você em Primeiro Lugar".


Raul Gil trazia seu lendário programa para os sábados da Manchete
Depois de transmitir o carnaval, a Manchete se preparava para lançar uma programação popular e ao mesmo tempo com muitos documentários. As novidades começaram já no dia 09 de março, com a estréia do "Programa Raul Gil" aos sábados das 14h às 18h30. O clássico programa seria o grande trunfo da emissora para largar de vez o perfil da "TV de 1ª Classe". A audiência subiu, levando a emissora a liderança de audiência por vários minutos nas tardes de sábado.

As novidades continuavam com a estréia em abril do esportivo "Toque de Bola", um debate apresentado pelo veterano Paulo Stein aos domingos, das 21:30hs às 22:30hs. No mesmo embalo, após o "Toque", estreva "O Grande Júri", com José Carlos Cataldi, que acabou não tendo sucesso.


No mesmo pacote de novidades, voltavam do fundo do baú as séries "National Kid" e "Ultraman", além da estréia dos animes inéditos Sailor Moon, Shurato e Samurai Warriors, motivados pelo sucesso dos Cavaleiros do Zodíaco.


Ainda em abril, seguindo a linha dos jornalísticos, entrava no ar o Na Rota do Crime, apresentado por Marcos Hummel todas às sextas, às 22h30. O conceito do programa era acompanhar os policiais nas diversas operações pelas favelas da cidade de São Paulo. Sendo assim, chegou em muitas vezes a liderar a audiência no horário com médias de 16 pontos. Com mais essa novidade, a faixa das 22h30 de segunda a sexta estava inteiramente dedicada a programas jornalísticos.



Chamada do Show de 13 anos da Manchete
Em junho a emissora comemorava seus treze anos com uma grande festa. Foram dois shows com artistas famosos. Um para os funcionários com Daniela Mercury, e outro para o público, em plena tarde de domingo no Aterro do Flamengo, bem em frente ao prédio-sede da emissora. O show durou das 16h às 20h e trouxe como atrações os grupos "Só pra contrariar", "Double You", "Roupa Nova" e "Os Morenos".


Vinheta de 13 anos
Em meio às novidades dos "treze anos", dois programas estreariam no dia seguinte: Gente Importante apresentado por Anna Bentes Bloch, com entrevistas nas tardes de segunda à sexta (substituindo Os Medicos), e Manchete Verdade, um telejornal no estilo de uma revista eletrônica, com ancoragem de Marcos Hummel e com a participação diária de Dora Bria(esportes), Carlos Chagas(política), Tamara Leftel(economia) e Ique (charges e caricaturas). A emissora se posicionava como o canal da notícia e da informação.


Nas noites de sábado estreou o programa "Uma história de sucesso", documentário que contava a trajetória de cantores e grupos musicais do Brasil e do mundo.


No mês de julho, a Manchete se preparava para apresentar os jogos olímpicos de Atlanta, intitulados "Olimpíadas de Ouro". A transmissão do evento contou com a apresentação do "Jornal da Manchete" por Márcia Peltier direto da cidade de Atlanta, nos EUA.


Vinheta Arte Clássica
Em julho, a Manchete estreava um novo pacote de vinhetas onde o logo da Manchete pousava sobre telas de pintores renomados.


Chamada de estréia de Xica da Silva
Em setembro do mesmo ano, sob o comando de Walter Avancinni estreava Xica da Silva, novela baseada na vida da escrava viveu no século XVIII e escandalizou a sociedade de sua época. A novela foi um sucesso atingindo médias de 18 pontos com picos de 22. A Manchete estava em segundo lugar absoluta em vários horários e poderia ser considerada a terceira do ranking de audiência. A novela vinha acompanhada de uma nova nova vinheta interprogramas.


A último vôo do M
Em 1996 entrava no ar a última vinheta interprogramas da Manchete. Ela trazia de volta o conceito de explosão espacial, e tinha três versões:
1 - uma com o prefixo sonoro do locutor da Manchete, com o slogan da emissora, que era exibida entre programas.
2- outra sem o slogan, que era exibida após as chamadas de programas.
3- e uma última versão, compactada, que era levada ao ar fechando e abrindo os blocos dos filmes (o último plim plim da Manchete).
As vinhetas ficariam no ar até 1999, quando a Manchete saiu do ar.



Vinheta especial de fim de ano: 1996/1997
Em dezembro vai ao ar a vinheta institucional de fim de ano, embalada pela música-tema de Xica da Silva e imagens da emissora. A mensagem "nosso programa é estrear junto com você o novo ano, o ano todo. 1997, Rede Manchete, você em primeiro lugar", insinua que diferente das demais emissoras de TV, a Manchete trazia novidades ao longo de todo o ano.

Saiba Mais: